quinta-feira, 17 de março de 2016

A Aparição - Vergílio Ferreira

Eu confesso ainda estou no terceiro capítulo, não é por falta de interesse, mas sim de tempo e disponibilidade. Óbvio que assim não conseguirei fazer um resumo detalhado, contudo posso dizer que até agora o que de facto me tem cativado são as caracterizações que o Alberto Soares (personagem principal) faz dos espaços e das pessoas. Ele tem uma perspetiva peculiar das coisas, o que torna tudo mais interessante. Por exemplo, quando ele se foi apresentar no Liceu de Évora encantou-me a forma como ele descreveu o espaço (“Mas era como se o tempo habitasse os claustros de mais longe, talvez pela imensidão da planície, que lhe dava um ar de ruína.”), parecia que estava a falar de um convento o que não se compara com um Liceu. E também a maneira que caracterizou o funcionário (“Um empregado escuro olhou-me vagarosamente, longo bigode caído, olhos redondos de pasmo como os de um retrato egípcio.”) e o reitor.

Outro aspeto interessante foi a caracterização do café onde Alberto ia encontrar-se com o Dr. Moura. Era terça-feira o que significava que era “dia dos porcos”, ou seja, era um grande dia havia muita movimentação e isso originava de certa forma um ligeiro desconforto da parte de Alberto visto que o seu ambiente ideal era um quarto ou uma sala, rodeado de livros e dos seus pensamentos. Era um pouco diferente do que ele estava acostumado (“…vasto túnel apinhado de gente (…) achei a custo um lugar no canto, à esquerda de quem entra e onde viria a instalar-me para sempre.”).  Pelas citações podemos concluir que lugares movimentados não eram definitivamente uma atração para Alberto. 

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