quinta-feira, 17 de março de 2016

Geração de 70

Bem, há algumas semanas atrás eu realizei uma apresentação oral na turma sobre a Geração de 70 no âmbito do livro Os Maias de Eça de Queiroz. Esta apresentação teve o objetivo de introduzir e clarificar o ambiente em que a família Maia vivia.

Geração de 70 é a designação para o grupo de jovens intelectuais portugueses que (primeiro em Coimbra e depois em Lisboa) manifestaram um descontentamento com o estado da cultura e das instituições nacionais. O grupo fez-se notar a partir de 1865, tendo Antero de Quental como figura principal, e integrando ainda literatos como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis e Guilherme de Azevedo. Estes homens marcaram a cultura portuguesa até ao virar do século, na literatura e na crítica literária, na historiografia, no ensaísmo e na política.
Os homens da Geração de 70 tiveram possibilidade de contacto com a cultura mais avançada da Europa como não se via em Portugal desde o tempo da formação de Garrett e de Herculano. Puderam aperceber-se da diferença que havia entre o estado das ciências, das artes, da filosofia e das próprias formas de organização social no país e em nações como a Inglaterra, a França ou a Alemanha. Em consequência, esta juventude cosmopolita nas leituras, liberal e progressista não se revia nos formalismos estéticos nem naquilo que consideravam ser a estagnação social, institucional, económica e cultural a que assistiam.
O seu inconformismo havia de se manifestar em diversas ocasiões, com repercussões públicas dignas de registo.
Em 1865 é anulada a Questão Coimbrã, que opôs o grupo a pretexto de uma obra literária de mérito discutível ao ultrarromantismo instalado, que António Feliciano de Castilho personificava. Travou-se uma acesa polémica, à qual persistiam grandes diferenças ao nível das referências estéticas e também ideológicas. Mais tarde, o grupo reuniu-se na capital, formando o Cenáculo, e em 1871 organizou as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, com as quais chamou definitivamente à atenção da sociedade.
Antero suicidou-se em 1891, e por consequência disso dizia-se que esse gesto simbolizava o destino destes homens a caminho do final do século, em desilusão progressiva com o país e o sentido das suas próprias vidas.

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