terça-feira, 31 de maio de 2016

Dois momentos que considerei importantes no desenrolar da ação da peça “O Doido e a Morte”, de Raul Brandão

Os dois momentos que considerei mais importantes no desenrolar da ação da peça foram quando a D. Ana Baltazar Moscoso entrou em cena e quando o Sr. Milhões avisou que a bomba ia explodir dentro de dez segundas.
D. Ana entra em cena depois de o Governador Civil tomar conhecimento de que ia morrer e não havia nada a fazer. Como sua mulher, D. Ana devia morrer com o marido, tal como jurou, mas em vez disso, ela perguntava apressada e constantemente, quanto tempo faltava para a bomba explodir. Todavia, esta nega morrer visto que a sua religião (católica) não permite que morra queimada, abandonando o seu marido o mais rapidamente que consegue. Na minha opinião, esta cena torna-se cómica devido à reação de D. Ana em relação ao marido.

Por fim, temos o momento em que o Sr. Milhões avisa que a bomba vai explodir dentro de dez segundos. O Sr. Milhões começa a fazer contagem decrescente para a explosão, enquanto que o Governador Civil entra pânico, porque vê que chegou a hora mais temida da sua vida. Eu também considero este momento cómico. Este momento é de “suspense” e ansiedade para o leitor pois, chegou o momento tão aguardado em que finalmente vai ocorrer o desenlace da peça.  

A minha opinião acerca do papel do ambiente social na definição da personalidade do ser humano

O ambiente social em que nós vivemos contribui imenso para a formação da nossa personalidade enquanto seres humanos.
Os nossos amigos podem ser um exemplo disso. Quando nós temos um amigo ou até mesmo um determinado grupo de amigos que é mais popular, que se veste melhor ou de que nós gostamos e por isso desejamos frequentar, começa a despertar aquela vontade de ter as mesmas coisas que os nossos amigos têm para que sejamos aceites e para que alguém repare em nós, tal como repararam neles. Mesmo que seja um ato involuntário, nós já estamos a modificar a nossa personalidade ao tentarmos ser como os outros com o objetivo de chegar à aceitação.
Contudo, também se pode encontrar um aspeto positivo nos amigos.
Muitas das vezes são eles que nos ajudam em vez dos nossos pais. Não é porque os pais não queiram ajudar, mas sim porque nós temos mais confiança e sentimo-nos mais relaxados quando são os nossos amigos. Apesar de eles serem da nossa idade, quando precisamos da sua ajuda e dos seus conselhos, parece que eles se tornam numa espécie de sábios.
Tudo isto desenvolve um espírito de entreajuda muito precioso.

Para concluir, apenas gostaria de dizer que quase tudo contribui para a definição da personalidade, mesmo que não queiramos, quer aspetos negativos quer positivos. 

Comparação entre os Livros de Linhagens e as Crónicas de Fernão Lopes

Existem diversas diferenças entre os livros de linhagens e as crónicas de Fernão Lopes. Contudo, têm uma característica em comum, relatam acontecimentos.
Os livros de linhagens eram usados, sobretudo, para registar genealogias, isto é, nomear os antepassados das famílias nobres para que estas conhecessem a sua linhagem. Desta forma, evitavam-se os casamentos consanguíneos e reclamavam-se os direitos de sucessão, se fosse esse o caso. Estes livros também podiam ser utilizados para registar feitos heroicos. Contudo, nos livros de linhagens podemos reparar que o exagero está presente em muitos casos, como, por exemplo, nas narrativas dos feitos heroicos e nas lendas. As lendas são baseadas em histórias reais, mas contêm algum exagero e ficção. Uma das lendas que estudámos em aula foi “A Dama Pé-de-Cabra”.
Por outro lado, as crónicas de Fernão Lopes consistiam em crónicas elaboradas acerca dos reis de Portugal, tendo como escritor o próprio Fernão Lopes, cronista oficial do reino. Tratava-se do registo de verdades históricas, que decorria confronto entre as fontes, quer fossem orais ou documentais, quer fossem diferentes obras ou escrituras públicas. As crónicas de Fernão Lopes eram escritas sem qualquer tipo de omissão.

Apesar de os livros de linhagens e as crónicas de Fernão Lopes terem algumas diferenças, ambos partilham um aspeto essencial em comum: relatam acontecimentos.

quinta-feira, 17 de março de 2016

A Aparição - Vergílio Ferreira

Eu confesso ainda estou no terceiro capítulo, não é por falta de interesse, mas sim de tempo e disponibilidade. Óbvio que assim não conseguirei fazer um resumo detalhado, contudo posso dizer que até agora o que de facto me tem cativado são as caracterizações que o Alberto Soares (personagem principal) faz dos espaços e das pessoas. Ele tem uma perspetiva peculiar das coisas, o que torna tudo mais interessante. Por exemplo, quando ele se foi apresentar no Liceu de Évora encantou-me a forma como ele descreveu o espaço (“Mas era como se o tempo habitasse os claustros de mais longe, talvez pela imensidão da planície, que lhe dava um ar de ruína.”), parecia que estava a falar de um convento o que não se compara com um Liceu. E também a maneira que caracterizou o funcionário (“Um empregado escuro olhou-me vagarosamente, longo bigode caído, olhos redondos de pasmo como os de um retrato egípcio.”) e o reitor.

Outro aspeto interessante foi a caracterização do café onde Alberto ia encontrar-se com o Dr. Moura. Era terça-feira o que significava que era “dia dos porcos”, ou seja, era um grande dia havia muita movimentação e isso originava de certa forma um ligeiro desconforto da parte de Alberto visto que o seu ambiente ideal era um quarto ou uma sala, rodeado de livros e dos seus pensamentos. Era um pouco diferente do que ele estava acostumado (“…vasto túnel apinhado de gente (…) achei a custo um lugar no canto, à esquerda de quem entra e onde viria a instalar-me para sempre.”).  Pelas citações podemos concluir que lugares movimentados não eram definitivamente uma atração para Alberto. 

Geração de 70

Bem, há algumas semanas atrás eu realizei uma apresentação oral na turma sobre a Geração de 70 no âmbito do livro Os Maias de Eça de Queiroz. Esta apresentação teve o objetivo de introduzir e clarificar o ambiente em que a família Maia vivia.

Geração de 70 é a designação para o grupo de jovens intelectuais portugueses que (primeiro em Coimbra e depois em Lisboa) manifestaram um descontentamento com o estado da cultura e das instituições nacionais. O grupo fez-se notar a partir de 1865, tendo Antero de Quental como figura principal, e integrando ainda literatos como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis e Guilherme de Azevedo. Estes homens marcaram a cultura portuguesa até ao virar do século, na literatura e na crítica literária, na historiografia, no ensaísmo e na política.
Os homens da Geração de 70 tiveram possibilidade de contacto com a cultura mais avançada da Europa como não se via em Portugal desde o tempo da formação de Garrett e de Herculano. Puderam aperceber-se da diferença que havia entre o estado das ciências, das artes, da filosofia e das próprias formas de organização social no país e em nações como a Inglaterra, a França ou a Alemanha. Em consequência, esta juventude cosmopolita nas leituras, liberal e progressista não se revia nos formalismos estéticos nem naquilo que consideravam ser a estagnação social, institucional, económica e cultural a que assistiam.
O seu inconformismo havia de se manifestar em diversas ocasiões, com repercussões públicas dignas de registo.
Em 1865 é anulada a Questão Coimbrã, que opôs o grupo a pretexto de uma obra literária de mérito discutível ao ultrarromantismo instalado, que António Feliciano de Castilho personificava. Travou-se uma acesa polémica, à qual persistiam grandes diferenças ao nível das referências estéticas e também ideológicas. Mais tarde, o grupo reuniu-se na capital, formando o Cenáculo, e em 1871 organizou as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, com as quais chamou definitivamente à atenção da sociedade.
Antero suicidou-se em 1891, e por consequência disso dizia-se que esse gesto simbolizava o destino destes homens a caminho do final do século, em desilusão progressiva com o país e o sentido das suas próprias vidas.